Por Que Algumas Espécies De Tartarugas Passam Longos Períodos Submersas Sem Respirar
Apesar de muitos saberem que tartarugas conseguem ficar longos períodos debaixo d’água, poucos entendem como isso é possível.
Como elas realizam essa façanha? Que mecanismos biológicos permitem esse feito extraordinário? Se você já ficou pensando sobre isso (ou está agora!), vai adorar descobrir os detalhes por trás do superpoder das tartarugas.
Neste post, você vai entender:
- Os mecanismos que permitem que algumas tartarugas fiquem submersas por tanto tempo.
- Como o estilo de vida delas influencia essa habilidade.
- Exemplos de espécies impressionantes e seus “poderes submersíveis”.
Índice
Como As Tartarugas Respiram? Entendendo A Respiração De Tartarugas

As tartarugas são criaturas fascinantes, e sua forma de respirar é uma das adaptações mais incríveis do reino animal.
Apesar de serem répteis e dependerem do ar para sobreviver, elas possuem truques únicos que as diferenciam de muitos outros animais. Vamos entender como elas respiram e como conseguem sobreviver em situações extremas.
Estrutura do sistema respiratório
Assim como nós, as tartarugas possuem pulmões para respirar, e é por isso que elas precisam emergir à superfície regularmente, especialmente as tartarugas aquáticas.
Seus pulmões são altamente eficazes, adaptados para absorver o máximo de oxigênio possível em cada respiração.
- Os pulmões das tartarugas ficam localizados na parte superior da cavidade corporal, junto ao casco.
- Eles são conectados a músculos específicos que ajudam a movimentar o ar para dentro e para fora, já que elas não possuem um diafragma como os mamíferos.
- Essa estrutura permite que respirem de maneira eficiente, mesmo enquanto mantêm o corpo protegido por um casco rígido.
Essa eficiência é crucial, principalmente para espécies que passam longos períodos submersas.
Metabolismo lento: a chave para consumir menos oxigênio
Uma das razões mais impressionantes pela qual as tartarugas conseguem ficar tanto tempo sem emergir é seu metabolismo extremamente lento.
O metabolismo é o conjunto de processos químicos e energéticos do corpo. No caso das tartarugas, ele é naturalmente menos acelerado, o que traz várias vantagens:
- Menor demanda de oxigênio para funções básicas.
- Economia de energia durante períodos de inatividade ou situações extremas, como baixas temperaturas.
- Redução do consumo de recursos, permitindo longos períodos submersos ou em hibernação.
Quando elas estão debaixo d’água e as condições são favoráveis, como em águas frias ou ricas em oxigênio, as tartarugas podem maximizar o uso do oxigênio disponível no corpo, retardando seus processos metabólicos.
Essa habilidade é ainda mais acentuada durante o período de brumação (uma espécie de hibernação para répteis), quando seu corpo se “desliga” parcialmente para sobreviver em temperaturas baixas.
Respiração cloacal: uma habilidade surpreendente
Agora vem uma das adaptações mais curiosas das tartarugas: a respiração cloacal.
Isso mesmo, algumas tartarugas, particularmente as de água doce, possuem a capacidade de “respirar pela cloaca”!
Isso ocorre porque as tartarugas têm uma estrutura chamada cloaca, que serve para várias funções, como excreção, reprodução e, surpreendentemente, troca de gases com o ambiente.
- Dentro da cloaca, existem pequenas projeções chamadas papilas cloacais, que aumentam a área de superfície para absorção de oxigênio e liberação de gás carbônico.
- Essa adaptação permite que elas respirem debaixo d’água, especialmente em situações onde sair à superfície seria perigoso ou ineficiente.
Essa habilidade é particularmente útil em ambientes com água fria, onde o metabolismo das tartarugas já está reduzido, permitindo que sobrevivam por meses sem precisar emergir.
Redução da frequência cardíaca
Outro truque impressionante das tartarugas é a capacidade de reduzir drasticamente a frequência cardíaca enquanto estão submersas.
- Quando o coração bate mais devagar, o corpo usa menos energia e, consequentemente, menos oxigênio.
- O sangue é redirecionado apenas para os órgãos mais essenciais, como o cérebro e o coração, enquanto outros sistemas entram em um estado de baixa atividade.
Essa estratégia, combinada com seus pulmões eficientes e a respiração cloacal, transforma as tartarugas em verdadeiras mestres da sobrevivência aquática.
Como as tartarugas terrestres respiram
As tartarugas terrestres, por outro lado, dependem exclusivamente de seus pulmões para a respiração, já que não vivem submersas.
- Elas precisam emergir frequentemente para respirar e gastam mais oxigênio em comparação às tartarugas aquáticas.
- Mesmo assim, compartilham a característica do metabolismo lento, o que ajuda a economizar recursos em climas quentes e secos, onde a comida e a água podem ser escassas.
A evolução por trás dessas adaptações
Essas habilidades incríveis não surgiram do nada. Elas são o resultado de milhões de anos de evolução, moldando as tartarugas para se adaptarem a diferentes ambientes, desde florestas tropicais até oceanos profundos e frios.
- Para as tartarugas aquáticas, a respiração cloacal e a redução da frequência cardíaca foram cruciais para sua sobrevivência em águas frias ou durante períodos prolongados sem ar.
- Para as terrestres, pulmões eficazes e um metabolismo lento ajudam a enfrentar o calor e a falta de água.
Essas estratégias evolutivas mostram o quão incrível e resistente é esse grupo de répteis.
Exemplos de Tartarugas e seus Superpoderes Submersíveis

Você sabia que algumas tartarugas possuem habilidades incríveis para sobreviver e prosperar em ambientes aquáticos?
Essas adaptações evolutivas são verdadeiros superpoderes que permitem a elas explorar as profundezas e superar condições extremas.
Tartaruga-de-ouvido-vermelho (Trachemys scripta elegans)
Essa espécie é uma das mais conhecidas e populares, especialmente como animal de estimação, mas o que poucas pessoas sabem é que ela possui um incrível truque submersível:
- Vive em lagos, rios e ambientes de água doce.
- Usa a cloaca como um órgão especializado para absorver oxigênio diretamente da água, permitindo que respire mesmo debaixo d’água.
- Durante a hibernação, pode permanecer submersa por até 3 dias seguidos sem subir à superfície! Esse comportamento é essencial para sua sobrevivência em climas mais frios, onde a superfície da água pode congelar.
Tartaruga-pintada (Chrysemys picta)
Conhecida como a verdadeira rainha do frio, essa tartaruga é um exemplo impressionante de adaptação ao inverno:
- Sobrevive em lagos congelados, permanecendo inativa durante meses.
- Pode suportar níveis extremamente baixos de oxigênio, que seriam fatais para a maioria dos animais.
- Para isso, utiliza suas reservas energéticas acumuladas no corpo, mantendo-se viva sem precisar respirar ou se mover.
Esse superpoder é um dos melhores exemplos de como a natureza encontra formas criativas de driblar condições extremas.
Tartaruga-de-couro (Dermochelys coriacea)
A tartaruga gigante dos oceanos não só impressiona por seu tamanho, mas também por sua habilidade de explorar as profundezas do mar como nenhum outro réptil.
- É a maior tartaruga do mundo, podendo ultrapassar 700 kg.
- Consegue mergulhar a mais de 1.200 metros de profundidade, onde a pressão é extrema e as temperaturas são congelantes.
- Sua capacidade submersível é notável: ela pode permanecer 85 minutos debaixo d’água, graças a pulmões altamente eficientes e a uma circulação sanguínea adaptada ao ambiente frio.
- Possui uma camada de gordura espessa, que ajuda a isolar o calor e a nadar em águas profundas e geladas.
Essas tartarugas são verdadeiros exemplos de como a vida evolui para enfrentar desafios ambientais, explorando o mundo submerso com habilidades que parecem saídas de um filme de super-heróis.
Espécie | Tempo Submerso | Adaptação Chave |
---|---|---|
Tartaruga-de-ouvido-vermelho | Até 3 dias | Respiração cloacal |
Tartaruga-pintada | Meses (hibernação) | Metabolismo extremamente lento |
Tartaruga-de-couro | 85 minutos | Camada de gordura para isolamento térmico |
Como o ambiente influencia?

Parece engraçado pensar, mas o “superpoder” das tartarugas depende muito do clima e das condições ambientais. Aqui estão alguns fatores determinantes:
- Temperatura: Quando caem as temperaturas, as tartarugas de água doce entram em estado de brumação (hibernação tipo.); isso reduz drasticamente a necessidade de oxigênio.
- Disponibilidade de Oxigênio na Água: Águas calmas e ricas em oxigênio permitem que elas permaneçam mais tempo submersas.
- Predadores: Menos movimentação = mais segurança! Ficar imóvel debaixo d’água é uma tática defensiva impressionante.
Curiosidades Sobre Tartaturas E Sua Respiração
Como as tartarugas obtêm energia de forma única
Algumas tartarugas possuem uma habilidade fascinante: elas podem sobreviver em ambientes com pouco ou nenhum oxigênio.
Enquanto a maioria dos animais depende do oxigênio para respiração celular, algumas tartarugas utilizam um processo chamado fermentação anaeróbica para gerar energia.
O que é fermentação anaeróbica?
Este é o mesmo processo utilizado na fabricação de pão e cerveja, onde o corpo quebra a glicose sem usar oxigênio.
Como resultado, as tartarugas produzem ácido lático como subproduto desse processo, permitindo que elas sobrevivam mesmo em condições extremas, como embaixo d’água por longos períodos.
A incrível tolerância ao ácido lático
Diferente dos humanos, que não podem suportar níveis elevados de ácido lático no corpo, as tartarugas desenvolveram formas de neutralizar esse efeito.
Seus ossos atuam como uma espécie de “esponja química”, absorvendo o excesso de ácido lático e protegendo o organismo.
Essas adaptações incríveis permitem que as tartarugas vivam em cenários onde outras espécies não sobreviveriam, tornando-as verdadeiros exemplos de resiliência e inovação evolutiva!
Conclusão
As tartarugas são mestres da adaptação e têm truques únicos para respirar em diferentes condições.
Desde pulmões altamente eficientes até a surpreendente respiração cloacal, seus corpos são verdadeiras máquinas projetadas para economizar energia e sobreviver em ambientes extremos.
Seja na terra ou na água, essas criaturas antigas nos ensinam o valor da resiliência e da evolução, provando que a natureza sempre encontra formas brilhantes de vencer os desafios da sobrevivência. Leia mais em nosso blog.